"Portugal, pelo seu clima e pela natureza do solo, é, fora um ou outro raro lugar, o país da árvore". Agostinho da Silva

Grandes, pequenas, formosas, circunspectas, imponentes ou frágeis. Dão, sem pedir nada. E são, simplesmente. Respiram, respiram-nos e fazem respirar. Amam, amam-nos e fazem-nos amar. Conta-se que um jovem cavaleiro cansado de travar batalhas infindáveis e de desfecho previsível refugiava-se na floresta. As árvores ouviam-no pacientemente e um dia decidiram falar-lhe. Amai-vos uns aos Outros Como Nós Vos Amamos. Tomado de assalto pela revelação, o cavaleiro decidiu ali mesmo abandonar a carreira militar e dedicar-se a uma vida nova de aprendizagem com aquelas árvores sagradas. Estamos certos de que todos teremos muito a aprender com o mistério das Árvores do Amor. A nossa mensagem também é simples. Amar-vores uns aos Outros. Como Elas vos Amam. Parece fácil. E é.

AVISO: Este site encontra-se permanentemente em construção.

sábado, 27 de julho de 2013

Eucalipto (Eucalyptus) - Pinhal de Catelas, Marisol.


A BELEZA DO EUCALIPTO

Já lhe chamaram “ouro verde” e “petróleo do campo”. Outros acusam-no de “assassino” do meio ambiente”. O eucalipto é uma espécie polémica. Se fosse personagem da sétima arte seria, à vez, herói e vilão. No palanque de uma assembleia, figura carismática. A quem se ama. Ou odeia. A última versão, uma das mais equidestantes de idolatrias e ódios de estimação, atribui ao eucalipto um papel fundamental no combate aos poluentes e na sua acção de “esponja” absorvente de dióxido de carbono, o que permite o estabelecimento de algum equilíbrio sistémico em relação ao crescente aquecimento global. Não será por acaso que, resolvendo colocar alguma água na fervura onde outros actores preferiam aumentar o stock de lenha, o brasileiro Leonardo Boff, um dos maiores eco-activistas do mundo assumiu publicamente a necessidade de bom senso na apresentação do livro Eucalipto, Fatos e Mitos de Sua Cultura, de José Roberto de Scolforo. A famosa via do meio, aquela onde normalmente se encontra a virtude, para se debater o problema menos com o fogo da paixão mas com os pés bem assentes na terra. Pois, convém que os elementos não andem em guerra, de belicismos já bastam os humanos. O que os estudos científicos mais recentes, tese que foi corroborada por Leonardo Boff, indicam é que os receios e mitos acerca das eventuais consequências danosas provocadas pelas plantações de eucalipto não são fundamentados. Na verdade, o que se tem vindo a constatar é que cabe aos empresários florestais e às indústrias associadas a opção de técnicas apropriadas de implementação de exploração dos solos, escolha correta das espécies bem como das componentes naturais a serem respeitadas que assegurem uma sã convivência com as áreas preservadas das florestas naturais. Está no nosso ADN. Portugal tem uma das maiores áreas florestadas da Europa (35,8 por cento). O território nacional possui mais de 350 espécies de árvores e arbustos que se distribuem por um ecossistema que garante, além da produção de alimento, cortiça, papel, sequestro de carbono, regulação do ciclo da água, actividades de lazer para todos os gostos e bolsas. Este livro é um tributo a todas as árvores e florestas de Portugal em geral. E aos eucaliptos em particular. Porquê? Porque nenhuma árvore deve perder a vida em vão. E a esse respeito lembramos A Árvore, de Sophia de Mello Breyner, que numa pequena ilha japonesa teve de ser abatida pela população, tornando-se barca para mercadores e acabando por fazer prosperar o comércio e vida locais. A árvore jamais foi esquecida pelos ilhéus, que mesmo após o seu desaparecimento, celebravam a sua memória e derramavam lágrimas de saudade. Por fim, também a barca acabou por apodrecer e sobrou apenas o velho mastro e da madeira ainda aproveitável a população decidiu fazer uma biwa, um instrumento musical, que se eternizou a árvore num poema: A árvore antiga Que cantou na brisa Tornou-se cantiga
Não é mito. Nem ciência. Também o papel deste livro preserva em imagens e palavras a memória de cada árvore. De cada eucalipto. A Arte, a Cultura e a Civilização fazem-se também assim. Com bom senso de respeito pelo ciclo da Vida. O bom senso de que nenhuma árvore morra em vão.
 
Fotografia Zito Colaço
Texto Nuno Costa

Sem comentários:

Enviar um comentário